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Plano para a Realização de uma
Sociedade Multicultural no Japão
11 de janeiro de 2025 (Reiwa 7)
Introdução
A convivência multicultural é um tema extremamente complexo e frequentemente mal compreendido. Uma explicação breve não consegue transmitir sua essência, e, em vez de uma abordagem emocional, é necessário um pensamento racional. A razão para isso será explicada a seguir. Caso queira compreender mais profundamente ou discutir políticas específicas, entre em contato.
As informações de contato podem ser verificadas "aqui", ou você pode pesquisar por "Kawanishi Kenji Contato".
Então, afinal, o que é "convivência multicultural"? De maneira geral, existem duas respostas principais.
Em conclusão, a convivência multicultural no Japão deve ser entendida como "um conjunto de políticas e medidas destinadas a manter os impactos positivos da internacionalização resultante da globalização – um fenômeno inevitável – e transformar seus efeitos negativos em positivos, com o objetivo de beneficiar a população japonesa, que constitui aproximadamente 98% do total no Japão". No entanto, para entender completamente esse conceito, é necessário aprofundar-se no conteúdo deste longo e complexo documento.
Antes disso, vamos explicar a definição geral do termo. Através da explicação a seguir, será possível compreender que essa definição é apenas uma "definição provisória".
Definição Geral de Convivência Multicultural
De modo geral, a convivência multicultural é definida como "um ambiente onde pessoas de diferentes nacionalidades e grupos étnicos reconhecem e respeitam as diferenças culturais uns dos outros, construindo relações igualitárias e vivendo juntas como membros da comunidade".
Essa definição é baseada no relatório publicado pelo Ministério de Assuntos Internos e Comunicações do Japão em 2006, intitulado "Estudo para a Promoção da Convivência Multicultural – Para a Promoção da Convivência Multicultural nas Comunidades Locais". O objetivo original era apenas estabelecer um conceito para permitir discussões sobre a convivência multicultural a nível regional, mas essa definição acabou se popularizando e permanece em uso até hoje.
No entanto, essa definição contém elementos que podem ser considerados "vagos, desatualizados e inadequados".
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Vago: A definição é excessivamente abstrata, tornando difícil formar uma imagem clara do conceito.
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Desatualizado: Foi formulada há quase 20 anos e reflete a realidade da época, tornando-se inadequada para a situação atual do Japão.
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Inadequado: O foco está nas comunidades locais e não considera a convivência multicultural em nível nacional.
Por Que Essa Definição Ainda é Amplamente Utilizada?
Isso pode ser explicado por um fenômeno de psicologia de grupo semelhante ao ditado japonês "se todos atravessam o sinal vermelho, não há medo". Essa frase se tornou popular através da comédia japonesa dos anos 1980 e ilustra bem como as pessoas tendem a seguir um grupo sem questionar.
Como essa definição foi estabelecida pelo "Ministério de Assuntos Internos e Comunicações", uma instituição de grande autoridade, muitas pessoas a aceitaram sem questionamento.
O termo "convivência multicultural" começou a ser usado no Japão em meados da década de 1990, mas foi após o relatório de 2006 que o tema começou a ser discutido seriamente. Desde então, muitas políticas e subsídios foram implementados, mas, na prática, as organizações de intercâmbio internacional e os grupos de direitos humanos existentes continuaram suas atividades tradicionais. Como resultado, a sociedade não avançou em direção à realização da convivência multicultural, mas sim para uma "atividade eterna de promoção da convivência multicultural".
Dicas Para a Realização de uma Sociedade Multicultural no Japão
A realização da convivência multicultural no Japão pode ser comparada ao desenvolvimento de um carro novo no país.
O termo "no Japão" é fundamental, pois os tipos de veículos exigidos nos Estados Unidos, na Europa e no Japão são diferentes, assim como as leis, as estradas e o tamanho dos túneis. Isso significa que a "especificação do local" é extremamente importante.
Além disso, o termo "novo carro" está relacionado à possibilidade de desenvolvimento.
No processo de desenvolvimento de um carro, primeiro são realizadas pesquisas, seguidas do planejamento, design, engenharia, prototipagem e testes, até chegar à produção.
Se não houver pesquisa inicial, a produção pode continuar baseada apenas em suposições, mas, sem um design claro, não será possível definir as especificações do carro. Se isso não for resolvido, a situação permanecerá indefinida, levando a um estado onde se diz que "um carro está sendo feito", mas sem um conceito claro sobre qual carro está sendo criado.
Essa situação se assemelha ao que está ocorrendo atualmente com as políticas de promoção da convivência multicultural no Japão.
Para resolver esse problema, primeiro é necessário definir de forma específica o significado da "convivência multicultural", além de esclarecer os locais e objetivos a serem alcançados. Com isso, será possível desenvolver políticas sustentáveis que beneficiem toda a sociedade japonesa.
A convivência multicultural no Japão não deve se limitar apenas à coexistência de diferentes culturas, mas sim ser abordada de forma racional, considerando os interesses da sociedade como um todo. Além disso, é fundamental reconhecer que 98% da população japonesa é composta por cidadãos japoneses, que possuem o direito ao voto, ao contrário dos estrangeiros. Isso significa que as condições nunca foram e nunca serão numericamente ou legalmente "iguais" desde o princípio.
Sem uma abordagem lógica e baseada em ações concretas, a realização de uma sociedade multicultural no Japão "jamais será alcançada".
O Aumento da População Estrangeira e a Diminuição da População Japonesa no Japão
Nos últimos anos, o número de residentes estrangeiros no Japão tem aumentado rapidamente. De acordo com o Censo Nacional de 2020 (Reiwa 2), a população japonesa era de 123.399.000 pessoas (97,8% da população total), enquanto a população estrangeira era de 2.747.000 pessoas (2,2%). Enquanto a população estrangeira continua crescendo, a população japonesa continua diminuindo.
Ao verificar os dados das Estatísticas do Japão de 2021, observa-se que a população japonesa foi de aproximadamente 126.167.000 pessoas em 2019 (Reiwa 1), 126.443.000 pessoas em 2018 (Heisei 30) e 126.706.000 pessoas em 2017 (Heisei 29), mostrando uma tendência de redução de cerca de 260.000 pessoas por ano. Por outro lado, a população estrangeira foi de 2.933.137 pessoas em 2019, 2.731.093 pessoas em 2018 e 2.561.848 pessoas em 2017, indicando um aumento de aproximadamente 180.000 pessoas por ano.
Ainda segundo o Censo Nacional de 2020 (Reiwa 2), entre as províncias japonesas, Tóquio tem o maior número de residentes estrangeiros (564.000 pessoas), seguido por Aichi (259.000 pessoas), Osaka (242.000 pessoas), Kanagawa (231.000 pessoas) e Saitama (186.000 pessoas). A população estrangeira residente nessas cinco províncias representa cerca de 53,9% da população estrangeira total do Japão.
No entanto, ao analisar a proporção de estrangeiros em relação à população total de cada município, a situação muda drasticamente. A razão para isso pode ser observada nos dados populacionais de diversas cidades e distritos. Por exemplo, de acordo com o Registro Básico de População do distrito de Ikuno, na cidade de Osaka, até março de 2021, a população total era de 126.930 pessoas, das quais 27.460 (cerca de 21,6%) eram estrangeiras, sendo 20.397 sul-coreanos e norte-coreanos.
Outro exemplo é a Vila de Kawakami, no distrito de Minamisaku, que publicou um plano populacional em outubro de 2015. De acordo com esse plano, entre 2005 e 2010, a população da vila aumentou devido à aceitação de estagiários estrangeiros desde 2003. Em 2015, a população japonesa era de aproximadamente 4.000 pessoas, mas, devido à aceitação anual de 700 a 800 estagiários estrangeiros, a proporção de estrangeiros atingiu cerca de 19%.
Além disso, de acordo com a Tabela Populacional de Estrangeiros de 2021 publicada no site da cidade de Oizumi em março de 2021, a população total da cidade era de 41.770 pessoas, das quais 7.918 (aproximadamente 18,96%) eram estrangeiras, sendo 4.595 brasileiros. Esses exemplos mostram que a composição da população estrangeira varia de acordo com a situação de cada município, resultando em grandes diferenças em termos de número absoluto e proporção de estrangeiros em diferentes áreas.
Outro fator diretamente relacionado ao crescimento da população estrangeira no Japão é a Lei de Controle de Imigração e Reconhecimento de Refugiados, que, apesar de ter força legal equivalente a uma lei, não é tecnicamente uma "lei" no sentido estrito.
A Lei de Controle de Imigração e Reconhecimento de Refugiados foi promulgada em 4 de outubro de 1951 e entrou em vigor em 1º de novembro do mesmo ano como uma das Ordens de Potsdam. Inicialmente, era chamada de Regulamento de Controle de Imigração, mas, devido à adesão do Japão à Convenção sobre Refugiados e ao Protocolo sobre Refugiados, seu nome foi alterado para o atual em 1º de janeiro de 1982.
Esse regulamento possui uma característica especial como "Ordem de Potsdam com força de lei", o que levou à mudança do nome abreviado de "Regulamento de Imigração" para um termo mais adequado à realidade, "Lei de Imigração e Refugiados". Além disso, a responsabilidade pela certificação de indivíduos que alegam ser refugiados, conforme definido pela Convenção e Protocolo sobre Refugiados, foi atribuída à Agência de Imigração do Ministério da Justiça.
Linha do Tempo sobre a Situação da Lei de Imigração e Reconhecimento de Refugiados
Em 1990 (Ano Heisei 2), foi realizada uma emenda que criou o status de "residente permanente". Com essa emenda, foi concedido o direito de trabalho até a terceira geração de descendentes de japoneses (com algumas exceções), facilitando a entrada principalmente de nipo-brasileiros e nipo-peruanos. Como resultado, o número de estrangeiros no Japão aumentou drasticamente, passando de cerca de 1 milhão em 1990 (Ano Heisei 2) para cerca de 2 milhões em 2005 (Ano Heisei 17).
Em junho de 2005 (ano 17 da era Heisei), o Ministério da Administração Interna e Comunicação apontou que, dado o aumento contínuo da população estrangeira, os sistemas nacionais existentes não estavam atendendo adequadamente às questões relacionadas à recepção de estrangeiros. Além disso, ficou claro que os governos locais, que são os principais responsáveis pelos serviços diretos à população, estavam enfrentando vários problemas, com um aumento significativo de concentração de estrangeiros em regiões onde indústrias como a manufatura são predominantes. Foi também observado que, no futuro, com a chegada da era de declínio populacional no Japão e o aumento da mobilidade internacional devido à globalização econômica, as questões envolvendo residentes estrangeiros devem se tornar um tema comum para todos os governos locais no Japão. Nesse contexto, foi criada uma comissão de pesquisa para promover a convivência multicultural, e em março de 2006 (ano 18 da era Heisei), foi publicado o "Relatório da Comissão de Pesquisa sobre a Promoção da Convivência Multicultural – Rumo à Promoção da Convivência Multicultural nas Comunidades Locais". O relatório destaca a necessidade de promover a convivência multicultural nas comunidades locais, como segue:
"Ao observar o processo de assentamento dos estrangeiros, é necessário que a sociedade japonesa passe a reconhecer os estrangeiros não apenas como turistas ou visitantes temporários, mas como moradores e membros da comunidade local. Isso implica a necessidade de fornecer apoio integral aos residentes estrangeiros, ao mesmo tempo em que se constrói um sistema para incentivar sua participação na sociedade local. Ou seja, é crescente a necessidade de avançar com a 'criação de comunidades multiculturais' que ultrapassem as diferenças de nacionalidade e etnia como um novo modelo de sociedade local. Como já mencionado, é esperado que a população total do Japão diminua rapidamente no futuro. Com o avanço da globalização, a mobilidade internacional será cada vez mais ativa. Para manter a vitalidade da sociedade, é imprescindível criar uma sociedade onde todos, incluindo estrangeiros, possam maximizar suas capacidades. Assim, a promoção da convivência multicultural nas comunidades locais se tornará ainda mais necessária. Portanto, nesta comissão de pesquisa, definimos a convivência multicultural nas comunidades como 'pessoas de diferentes nacionalidades e etnias que reconhecem as diferenças culturais uns dos outros, buscam estabelecer uma relação igualitária e vivem juntos como membros da comunidade local', e realizamos uma análise sobre como promovê-la. Como é possível perceber a partir dessa definição, para promover a convivência multicultural, é fundamental que tanto os residentes japoneses quanto os estrangeiros tenham a consciência de que ambos são responsáveis por apoiar a comunidade local."
Após a publicação desse relatório, os órgãos governamentais e os governos locais adotaram a definição de convivência multicultural e a incorporaram como base para suas políticas e medidas.
No entanto, não devemos esquecer que a palavra "convivência multicultural" tem um significado próprio. A convivência multicultural refere-se simplesmente ao fato de diferentes culturas viverem juntas, e é possível definir seu conteúdo de forma mais específica ao determinar o local onde isso ocorre. Com base nesse princípio, o "Relatório da Comissão de Pesquisa sobre a Promoção da Convivência Multicultural" faz uma referência vaga ao "local" (comunidade), o que pode ser entendido como uma intenção deliberada para indicar a direção da convivência multicultural que cada município deve buscar, conforme suas próprias circunstâncias. Isso leva os municípios a definir especificamente o que é "comunidade". No entanto, ao definir a convivência multicultural, a comissão de pesquisa deveria ter adotado uma abordagem que visasse a totalidade do Japão, considerando-o como uma única comunidade.
Contudo, ao especificar o "local" de maneira vaga, ignorou-se a realidade, o que acabou gerando uma compreensão equivocada sobre a convivência multicultural. Como resultado, a definição de convivência multicultural se tornou mais alinhada com um modelo de multiculturalismo que enfatiza fortemente a igualdade.
Em 27 de março de 2006, o Ministério da Administração Interna e Comunicação publicou o "Plano de Promoção da Coexistência Multicultural nas Comunidades". O conteúdo deste plano é o seguinte:
1. Significado da Coexistência Multicultural nas Comunidades
O significado da coexistência multicultural nas comunidades pode ser exemplificado da seguinte forma. No entanto, as diretrizes e planos (doravante, "diretrizes, etc.") devem organizar o histórico e a situação atual das políticas de coexistência multicultural em cada região, esclarecer os desafios e as direções futuras, e deixar claro o significado da coexistência multicultural nas comunidades.
(1) Comunidades como Entidades Responsáveis pela Recepção de Residentes Estrangeiros
As autoridades locais são responsáveis pela prestação de serviços administrativos como principais entidades encarregadas da recepção de estrangeiros na sociedade local. O papel que desempenham na implementação das políticas de coexistência multicultural é significativo.
(2) Garantia dos Direitos Humanos dos Residentes Estrangeiros
A promoção das políticas de coexistência multicultural pelas autoridades locais está em conformidade com o respeito aos direitos humanos dos estrangeiros conforme estabelecido em instrumentos como o "Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos" e a "Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial".
(3) Revitalização da Comunidade Local
Ao promover a construção de uma comunidade aberta ao mundo, a revitalização da comunidade é alcançada, o que contribui para o desenvolvimento das indústrias e da economia local.
(4) Melhoria da Compreensão Cultural dos Residentes
Promover a construção de cidades que favoreçam a coexistência multicultural facilita o desenvolvimento da compreensão intercultural entre os residentes locais e a formação de uma geração jovem com habilidades de comunicação intercultural.
(5) Construção de uma Cidade com Design Universal
A promoção de uma comunidade onde pessoas de diferentes nacionalidades e etnias reconheçam e respeitem as diferenças culturais e se esforcem para construir uma relação igualitária, vivendo juntas como membros da comunidade, impulsiona a construção de cidades com uma perspectiva de design universal.
2. Conceitos Fundamentais das Políticas de Coexistência Multicultural nas Comunidades
Os conceitos fundamentais das políticas de coexistência multicultural nas comunidades incluem os seguintes pontos. Nas diretrizes, é importante apresentar claramente os conceitos fundamentais de políticas que atendem às necessidades da região, levando em consideração as características da comunidade, o entendimento dos residentes e as condições e necessidades dos residentes estrangeiros. Em particular, é essencial considerar os residentes estrangeiros que não possuem habilidades adequadas de comunicação em japonês.
(1) Apoio à Comunicação
É necessário fornecer apoio à comunicação para os residentes estrangeiros, especialmente para os recém-chegados, muitos dos quais não falam japonês, o que pode gerar diversos problemas.
(2) Apoio à Vida
Devido à falta de um ambiente básico adequado para os residentes estrangeiros viverem na comunidade, deve-se oferecer apoio em várias áreas da vida cotidiana.
(3) Construção de uma Comunidade Multicultural
A falta de oportunidades de interação para os residentes estrangeiros pode resultar em isolamento, e é frequente que surjam tensões entre os residentes japoneses e estrangeiros. Portanto, é necessário promover a conscientização da comunidade e criar uma região que incentive a autonomia dos residentes estrangeiros.
(4) Criação de um Sistema de Promoção das Políticas de Coexistência Multicultural
É necessário estabelecer uma estrutura para implementar as políticas descritas nos itens (1) a (3), clarificando a divisão de responsabilidades entre prefeituras, cidades, associações internacionais regionais, ONGs, organizações comunitárias e outras entidades privadas, e promovendo a colaboração entre elas.
Ponto de atenção:
O ponto mais importante a ser observado aqui é o item (3) "Construção de uma Comunidade Multicultural". Nos exemplos de coexistência multicultural divulgados pelo Ministério da Administração Interna, será evidente a diferença de entendimento sobre o significado de coexistência multicultural. Além disso, como pode ser observado no conteúdo anterior, a ênfase no apoio aos estrangeiros, na garantia de seus direitos humanos e na igualdade é claramente mais detalhada em relação a outros pontos, tornando-se o eixo central do significado da coexistência multicultural nas comunidades. Ou seja, como não foi definida de forma clara até onde se deve ir em relação a essas questões, o significado de "coexistência multicultural" acaba se tornando uma questão pouco realista.
Em 2008 (Heisei 20), ocorreu a crise financeira global conhecida como o colapso do Lehman Brothers. Entre 2009 (Heisei 21) e 2012 (Heisei 24), devido também aos efeitos do grande terremoto do leste do Japão de 2011 (Heisei 23), o número de estrangeiros no Japão diminuiu. Durante esse período, os residentes permanentes eram, principalmente, originários do Brasil e do Peru, enquanto os residentes especiais provindos da Coreia e da Coreia do Norte. No entanto, a partir de 2013 (Heisei 25), o número de estrangeiros voltou a aumentar e continuou a crescer anualmente.
Na sessão ordinária de 2009 (Heisei 21), foi aprovada e promulgada, em 15 de julho de 2009, a Lei que altera parcialmente a Lei de Imigração e Refugiados e a Lei Especial de Imigração para os que abandonaram a nacionalidade japonesa com base no Tratado de Paz com o Japão (daqui em diante referida como "Lei de Modificação"). Esta Lei de Modificação introduziu um novo sistema de gestão de residência, incluindo a emissão de Cartões de Residência, a emissão de Certificados de Residência Especial, a revisão do sistema de treinamento e prática técnica, a unificação das qualificações de residência "Estudo" e "Educação", e a criação do Comitê de Inspeção de Centros de Detenção de Imigrantes. Além disso, com isso, o sistema de registro de estrangeiros foi abolido.
Em 9 de julho de 2012 (Heisei 24), foi iniciado o novo sistema de gestão de residência. Com a introdução deste sistema, o "Cartão de Residência" foi emitido e o período de residência foi estendido para até 5 anos. Além disso, o sistema de registro de estrangeiros foi abolido e mudanças também foram feitas no sistema de permissão de reentrada.
Em fevereiro de 2016 (Heisei 28), o Ministério da Administração Interna e Comunicação comemorou o décimo aniversário da formulação e notificação do "Plano de Promoção da Coexistência Multicultural nas Comunidades". Em decorrência disso, foram apresentadas diretrizes e abordagens para auxiliar na formulação de planos e políticas de coexistência multicultural nos governos locais. Com o objetivo de promover ainda mais as políticas de coexistência multicultural nas comunidades, foi realizado o "Grupo de Trabalho para a Criação de um Catálogo de Exemplos de Coexistência Multicultural", e em março de 2017 (Heisei 29), foi publicado o "Catálogo de Exemplos de Coexistência Multicultural - Dez anos do Plano de Promoção da Coexistência Multicultural: Construindo juntos o futuro da comunidade". Através deste catálogo, é possível verificar como os governos locais e as diversas organizações envolvidas reconhecem a coexistência multicultural.
Catálogo de Exemplos:
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Apoio à Comunicação (9 exemplos)
(1) Fornecimento de informações em várias línguas e "Japonês Simples" (6 exemplos),
(2) Apoio ao aprendizado de japonês para adultos (3 exemplos). -
Apoio à Vida (28 exemplos)
(1) Habitação (2 exemplos),
(2) Educação (10 exemplos),
(3) Ambiente de trabalho (4 exemplos),
(4) Saúde, assistência médica e bem-estar (6 exemplos),
(5) Prevenção de desastres (6 exemplos). -
Construção de Comunidades Multiculturais (9 exemplos)
(1) Sensibilização para a coexistência multicultural na comunidade (4 exemplos),
(2) Autonomia e participação social de residentes estrangeiros (3 exemplos),
(3) Criação de sistemas relacionados à coexistência multicultural (2 exemplos). -
Contribuição para a Revitalização da Comunidade e Globalização (6 exemplos)
(1) Contribuição para a revitalização da comunidade (3 exemplos),
(2) Contribuição para a globalização (3 exemplos).
(Total de 52 exemplos)
Como mencionado anteriormente, além da indicação vaga de "comunidade" como um local, há uma tendência a focar em aspectos como apoio a estrangeiros, garantia dos direitos humanos e igualdade, enquanto outros elementos importantes relacionados à coexistência multicultural não são detalhados. Como resultado, a palavra "promoção" foi substituída por "realização", e, no fim, o catálogo se tornou "algo que basta fazer", sem maiores impactos.
A distribuição dos exemplos está concentrada principalmente em apoio e intercâmbio internacional. Lamentavelmente, o Departamento de Relações Internacionais da Prefeitura de Hiroshima realizou treinamentos sobre multiculturalismo para funcionários municipais, mas, ao verificar os conteúdos, observamos que o foco era o apoio no atendimento a estrangeiros, o que, no final das contas, se manteve limitado a um apoio pontual. A razão pela qual os funcionários dos governos locais devem receber treinamento sobre multiculturalismo é que, para incentivar os residentes municipais a entenderem sobre multiculturalismo, é essencial que eles mesmos compreendam primeiro. Portanto, esse treinamento é obrigatório e de extrema importância. No entanto, para a realização da coexistência multicultural, todos os departamentos relacionados a temas multiculturais — ou seja, todos os departamentos e todos os funcionários — precisam ser treinados e compreender o tema, caso contrário, será inútil.
Vamos considerar os departamentos ou seções nas prefeituras que não têm contato direto com estrangeiros. Aqueles que têm algum conhecimento sobre questões de estrangeiros podem citar departamentos como o de eleições (onde estrangeiros não têm direito ao voto), mas o fato de não terem direito ao voto não significa que os estrangeiros não tenham motivos para recorrer a esse departamento. Mesmo sem direitos, os estrangeiros podem querer saber sobre esses direitos ou entender por que não possuem determinados direitos. Portanto, a coexistência multicultural não pode ser alcançada por um único departamento, mas sim quando todos os departamentos e os sistemas que eles oferecem são adaptados para lidar com a diversidade multicultural. Em outras palavras, a coexistência multicultural no Japão será alcançada por meio da realização da coexistência multicultural em cada região. E a realização da coexistência multicultural em cada região será alcançada pela implementação desse conceito em cada governo local.
Para que a coexistência multicultural no Japão seja uma realidade, é necessária uma reforma na conscientização e percepção dos japoneses, que representam cerca de 98% da população do país. No entanto, mais importante ainda é reformar a conscientização e a percepção dos funcionários dos governos locais responsáveis pela elaboração e execução das políticas de promoção da coexistência multicultural. Isso é semelhante ao motivo pelo qual um vendedor de produtos, que não tem confiança no que está vendendo, tem um baixo desempenho de vendas. Como poderiam os funcionários dos governos locais contribuir para a realização da coexistência multicultural se não compreendem plenamente o tema, não reconhecem a necessidade de sua realização e não têm o desejo genuíno de promovê-la?
Embora os títulos como "Construção de Comunidades Multiculturais", "Revitalização Comunitária" e "Contribuição para a Globalização", mencionados em outros catálogos de melhores práticas, não apresentem problemas, os conteúdos das iniciativas realizadas e a forma de implementação delas são questionáveis. Mesmo que os títulos mudem, os exemplos apresentados se concentram apenas em apoio, intercâmbio internacional e turismo. Embora esses temas não sejam completamente irrelevantes para a coexistência multicultural, o problema é que os projetos carecem de especificidade e, como resultado, a escala e o impacto das iniciativas são insuficientes. Nessas três áreas, acredita-se que basta continuar implementando as ações indefinidamente, sem a exigência de resultados concretos, o que leva a projetos de promoção da coexistência multicultural mais fáceis de serem executados.
Vale ressaltar que não há nada de errado em realizar ações para promover igualdade ou apoiar estrangeiros. Na verdade, isso pode ajudar estrangeiros em muitas situações. No entanto, é importante entender que essas ações não têm uma relação direta com a realização de uma sociedade multicultural. Em outras palavras, multiculturalismo não é sinônimo de apoio, intercâmbio internacional ou turismo.
Em 18 de novembro de 2016 (ano Heisei 28), na 192ª Sessão Extraordinária da Dieta Nacional, foi promulgada a Lei que altera parcialmente a Lei de Controle de Imigração e Reconhecimento de Refugiados (Lei nº 88 de 2016), com a publicação ocorrendo em 28 de novembro do mesmo ano. O principal conteúdo dessa emenda é a criação de uma nova categoria de visto de residência para estrangeiros com qualificação como cuidador, permitindo que possam trabalhar no setor de cuidados, além da implementação de penalidades e do reforço no sistema de revogação de visto para enfrentar o problema dos chamados "imigrantes ilegais".
Em 8 de dezembro de 2018 (ano Heisei 30), durante a 197ª Sessão da Dieta Nacional (Sessão Extraordinária), foi promulgada a Lei que altera parcialmente a Lei de Controle de Imigração e Reconhecimento de Refugiados e a Lei de Criação do Ministério da Justiça (Lei nº 102 de 2018), com a publicação ocorrendo em 14 de dezembro do mesmo ano. O principal conteúdo dessa emenda é a criação das categorias de visto "Habilidade Específica 1" e "Habilidade Específica 2", além da criação da Agência de Gestão de Imigração e Residência.
Em setembro de 2020 (ano Reiwa 2), o Ministério da Administração Interna e Comunicações revisou o "Plano de Promoção da Coexistência Multicultural nas Regiões". O conteúdo da revisão é o seguinte:
``Desafios nas regiões, considerando as mudanças nas condições socioeconômicas
Ao promover a convivência multicultural nas regiões, surgem os seguintes desafios:
1. Apoio à comunicação
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Com a diversidade crescente na nacionalidade dos residentes estrangeiros, é necessário fornecer suporte multilíngue, incluindo idiomas raros e "japonês simples", de acordo com o número e a nacionalidade dos residentes estrangeiros na região.
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Com o avanço da tecnologia de tradução multilíngue e sua implementação social, é necessário utilizar ativamente tecnologias como aplicativos para smartphones e outras ferramentas de ICT para promover o suporte multilíngue.
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Com o aumento contínuo do número de residentes estrangeiros, é necessário promover o ensino da língua japonesa para criar um ambiente em que eles possam viver e interagir de maneira fluída com os moradores locais no dia a dia e na vida social.
2. Apoio à vida cotidiana
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Com o aumento do número de residentes estrangeiros, há uma necessidade crescente de ensinar japonês para crianças e estudantes, tornando essencial a promoção da educação e a melhoria das condições para o ingresso de crianças estrangeiras nas escolas.
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Dada a intensificação de desastres naturais, como eventos climáticos extremos, e a pandemia de COVID-19, é necessário promover respostas adequadas para estrangeiros nessas situações.
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Com o aumento de residentes estrangeiros, é essencial garantir suporte multilíngue nos serviços médicos, de saúde, de educação infantil e de assistência social.
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Com a criação de novas categorias de visto, é necessário melhorar o ambiente para receber trabalhadores estrangeiros e implementar medidas para evitar a concentração em áreas metropolitanas e outras regiões específicas.
3. Sensibilização e apoio à participação social
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Considerando a promulgação da "Lei para a promoção de ações para eliminar discriminação injusta contra pessoas de origem estrangeira" (Lei nº 58 de 2016), é necessário fortalecer os sistemas de consulta, melhorar a educação e promover atividades de conscientização para eliminar comportamentos discriminatórios.
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Visando a criação de uma "nova normalidade" em que ninguém seja deixado para trás no pós-COVID, é necessário criar um ambiente nas comunidades locais que incentive a troca de pessoas, conexões e a ajuda mútua, a fim de promover uma sociedade mais diversa e inclusiva.
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Considerando o aumento do número de residentes estrangeiros com visto de longo prazo e o perfil jovem da população estrangeira, é importante promover iniciativas nas quais os residentes estrangeiros se tornem agentes ativos na sociedade local.
4. Promoção da revitalização regional e adaptação à globalização
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Com o rápido avanço do declínio populacional e do envelhecimento da população, é necessário promover a revitalização regional e criar uma sociedade sustentável, envolvendo os residentes estrangeiros na colaboração e cooperação.
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Para enfrentar a globalização em rápida evolução e trazer seus benefícios para a região, é necessário aproveitar os conhecimentos e habilidades dos residentes estrangeiros.
Significado da promoção da convivência multicultural nas regiões
Promover a convivência multicultural nas regiões tem grande significado, incluindo:
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"Recepção de residentes estrangeiros pelas comunidades locais", "garantia dos direitos humanos dos residentes estrangeiros", "revitalização da região" e "aumento da compreensão intercultural entre os moradores", e sua importância está crescendo, especialmente por meio dos seguintes pontos:
1. Construção de uma "nova normalidade" por meio da realização de uma sociedade diversa e inclusiva
É necessário criar um ambiente que permita a todos os residentes estrangeiros viverem de forma confortável, como membros da comunidade, usufruindo de serviços administrativos assim como os cidadãos japoneses. A construção de uma "nova normalidade" sem deixar ninguém para trás, incluindo os residentes estrangeiros, e promovendo uma sociedade que respeite as diferenças culturais será crucial para a construção de um futuro inclusivo no pós-COVID.
2. Contribuição dos residentes estrangeiros para a revitalização regional e globalização
Os residentes estrangeiros estão se tornando protagonistas ao utilizar suas forças e perspectivas únicas, contribuindo para a promoção da região por meio de comunicação, empreendedorismo com produtos locais e turismo inbound. Isso contribui para a revitalização e globalização da comunidade.
3. Participação ativa dos residentes estrangeiros e garantia de diversos agentes na sociedade local
Com o aumento de residentes estrangeiros de longo prazo, como os "residentes permanentes", e a tendência de relaxamento na fixação de residência, é esperado que esses residentes se tornem pilares no apoio às comunidades locais, especialmente nas regiões afetadas pela redução populacional e envelhecimento. Além disso, sua participação ativa ajudará a melhorar a qualidade das políticas de convivência multicultural.
4. Estabelecimento de um ambiente de acolhimento de trabalhadores estrangeiros fora das grandes cidades
Com o aumento do número de trabalhadores estrangeiros, é necessário melhorar a estrutura de apoio para recebê-los de forma adequada e equilibrada, sem a concentração em grandes áreas urbanas, garantindo que todos recebam serviços administrativos adequados e suporte para sua integração.´´
Nos projetos de promoção da convivência multicultural até agora, entre os governos locais, organizações e outras partes interessadas, a maioria não compreendeu corretamente o que significa "convivência multicultural", sendo frequentemente confundida com políticas relacionadas apenas a estrangeiros, sendo agrupada com cooperação internacional e intercâmbio internacional. Originalmente, a convivência multicultural deveria desempenhar um papel como política de gestão da internacionalização ao especificar o local, mas, devido à consideração excessiva das "Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos" e "Convenções sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial", a convivência multicultural passou a ser vista como sinônimo de "multiculturalismo", resultando em políticas focadas apenas no apoio a estrangeiros.
No entanto, a autonomia dos estrangeiros não é alcançada através do apoio, mas sim pelo apoio da comunidade local, que é principalmente composta por japoneses. No entanto, atualmente, a sociedade local interpreta erroneamente a razão para apoiar os estrangeiros. Existe uma mentalidade de que "porque eles têm direitos humanos" ou "porque os estrangeiros são coitados e precisam de apoio", e, como resultado, criou-se uma situação onde "somente aqueles que desejam ajudar oferecem apoio".
Originalmente, é importante que os japoneses compreendam que apoiar os residentes estrangeiros é algo que "também beneficia a nossa própria comunidade". Ao aprofundar essa compreensão, a convivência multicultural pode ser reconhecida como algo que não depende da boa vontade de um grupo específico de pessoas, mas sim como um benefício para a sociedade como um todo, permitindo que mais pessoas participem ativamente.
Apoio linguístico como obstáculo para a realização da convivência multicultural
No Japão, a maioria dos estrangeiros não é fluente em japonês. Aqueles que conseguem falar japonês em um nível de conversação diária são uma minoria, e apenas uma pequena parte dos estrangeiros pode ser considerada fluente em japonês. Ao analisar os pontos comuns de cada grupo, podemos prever que o apoio tem uma relação direta com o aprimoramento das habilidades linguísticas em japonês.
Estrangeiros que conseguem falar japonês em um nível de conversação diária ou que são fluentes tendem a não receber ou a receber muito pouco apoio linguístico. Em contrapartida, a maioria dos estrangeiros que não são fluentes em japonês tendem a receber algum tipo de apoio linguístico, seja em pequena, média ou grande quantidade. O apoio linguístico pode ser útil no momento, mas, por sua vez, tende a reduzir o desejo de autossuficiência por meio do aprimoramento da competência linguística.
Cerca de 20 anos atrás, em um contexto em que o número de estrangeiros continuava a aumentar, os sistemas nacionais existentes não estavam preparados para lidar adequadamente com os desafios relacionados à acolhida de estrangeiros. Os governos locais, responsáveis pela prestação direta de serviços aos residentes, enfrentam diversos problemas. Atualmente, há uma grande concentração de estrangeiros em áreas com indústrias, como a manufatura, mas considerando que o Japão está entrando em uma era de declínio populacional e que a globalização econômica deve intensificar os movimentos internacionais de pessoas, é esperado que os desafios relacionados aos residentes estrangeiros se tornem comuns para os governos locais de todo o país no futuro próximo.
Por isso, o grupo de pesquisa criado pelo Ministério da Administração Interna e Comunicações, ao avançar na discussão sobre a promoção da convivência multicultural, estabeleceu uma definição de convivência multicultural nas regiões com base nos conhecimentos e nas condições da época. Contudo, desde então, mudanças significativas não foram feitas.
Diante de mudanças não só nas circunstâncias dos estrangeiros, mas também na sociedade japonesa como um todo, é desejável reconsiderar o que significa "convivência multicultural" e o que é necessário para "realizá-la", elaborando um plano concreto para tal.
O que é a convivência multicultural atual?
Nos dias de hoje, não só o significado das palavras, mas também a prática de pesquisar qualquer coisa na internet se tornou comum. Ou seja, para a maioria dos cidadãos japoneses, a internet pode ser considerada como a fonte de todas as informações relacionadas à vida cotidiana. Embora muitas dessas informações, como sobre doenças, significados de palavras, pessoas ou locais, possam não ser confiáveis, a realidade é que para muitas pessoas, o que se obtém da internet acaba se tornando a verdade. Nesse contexto, ao pesquisar "O que é convivência multicultural?" na internet, dois principais conteúdos aparecem.
Fonte: Enciclopédia livre "Wikipedia"
Multiculturalismo (em inglês: multiculturalism) é a ideia ou política de que grupos que possuem culturas diferentes devem ser tratados como iguais dentro de uma sociedade.
Conviver Multiculturalmente: Diversos municípios, organizações e ministérios (o conteúdo mais acessado)
A convivência multicultural é definida como "pessoas de diferentes nacionalidades e etnias que, ao reconhecerem suas diferenças culturais, buscam construir relações de igualdade enquanto membros da comunidade local, vivendo juntas."
O conteúdo mais acessado é o que está registrado no "Relatório sobre a Promoção da Convivência Multicultural", publicado pelo Ministério da Administração Interna em março de 2006, na seção 5 do Capítulo Geral, que trata da necessidade de promover a convivência multicultural nas regiões. Essa definição de convivência multicultural foi estabelecida há cerca de 20 anos por um grupo com uma perspectiva limitada, não sendo necessariamente a definição definitiva de convivência multicultural.
A convivência multicultural não é apenas sobre muitas culturas diferentes vivendo juntas, o que por si só não é tão difícil de alcançar. No entanto, ao especificar um local, pode-se criar um documento com vários significados. Inicialmente, é errado usar o conceito de convivência multicultural apenas para estrangeiros e japoneses; também deve-se considerar que as culturas locais dentro do Japão, que variam de região para região, são parte do multiculturalismo.
Como mencionei antes, é necessário especificar o local para a convivência multicultural, pois existem formas específicas de convivência dependendo de onde se aplica. Por exemplo, ao considerar um plano global de convivência multicultural em uma ilha ou terra sem soberania, onde pessoas de diferentes nacionalidades são enviadas (com uma condição imprescindível de que não haja distorções baseadas em número de pessoas, idade, sexo ou outros fatores), seria impossível estabelecer condições que beneficiassem uma nacionalidade específica. Nesse caso, um plano de convivência multicultural baseado no multiculturalismo seria necessário.
Além disso, se começarem a surgir distorções baseadas em número de pessoas, idade, sexo ou outros fatores, a convivência multicultural não seria mais aplicável, e seria necessário um plano de gestão da internacionalização adequado. Especificamente, políticas seriam exigidas para evitar tais distorções.
No entanto, no Japão, a convivência multicultural se aplica dentro de um país, e não em uma terra sem soberania. Distinções baseadas em número de pessoas, idade, sexo ou outros fatores estão enormemente presentes. O povo original do Japão são os japoneses, que representam cerca de 98% da população do país, enquanto os estrangeiros representam cerca de 2%. Ao dividir por nacionalidade, existem algumas nacionalidades que são difíceis de quantificar, mas pode-se afirmar que, desde o início, japoneses e estrangeiros não estão em uma posição de igualdade no Japão. Isso não é uma triste realidade, mas um fato simples e algo esperado.
Se mudarmos o local de Japão para os Estados Unidos, Brasil ou qualquer outro país, o mesmo fenômeno ocorrerá. Isso é a própria sociedade, e tentar que japoneses e estrangeiros, que nunca estiveram em uma posição de igualdade, construam uma relação de igualdade é um ato que vai contra a essência da sociedade. Aceitar a realidade de que há uma diferença de posição, mas, ao mesmo tempo, estabelecer uma relação de respeito mútuo, é o que pode ser considerado a promoção real da convivência multicultural.
Ademais, a política para a realização da convivência multicultural no Japão não precisa incluir direitos humanos. Isso porque a convivência multicultural deve ser um plano que parte da premissa de que os direitos humanos são protegidos. Quando os direitos humanos não são respeitados, trata-se de uma questão de direitos humanos, não de convivência multicultural.
Com isso em mente, o que pode ser dito é que, no momento, a definição de convivência multicultural estabelecida no Japão, ao especificar o local como uma "comunidade", é uma convivência multicultural que não pertence ao Japão, mas a uma comunidade em um lugar indefinido. Essencialmente, isso é apenas uma leve modificação da definição de multiculturalismo, tornando-se, portanto, uma política irrealista e impossível de ser implementada.
Qual é o modelo ideal para a convivência multicultural?
Se considerarmos a convivência multicultural da mesma forma que o multiculturalismo, deveríamos promover o multiculturalismo, não a convivência multicultural. No entanto, como isso não seria convivência multicultural, o título deveria ser "Política de Multiculturalismo", em vez de "Promoção da Convivência Multicultural".
O modelo ideal de convivência multicultural (a seguir chamado de convivência multicultural original), se for pensado com base na implementação no Japão, deve ser "a convivência multicultural no Japão". Em outras palavras, a política deve priorizar o Japão e seus cidadãos, mas também deve ser benéfica para os estrangeiros (pois é necessário garantir os direitos humanos). Em termos simples, não se deve oprimir os estrangeiros, mas também não se deve favorecê-los excessivamente.
A razão para isso é que, para que a convivência multicultural se concretize, não é suficiente que todos os cidadãos japoneses participem dela; é necessário que eles se envolvam ativamente. O mínimo necessário é que a forma de convivência seja favorável aos 98% da população japonesa.
No entanto, é importante destacar um ponto fundamental. Não existem respostas absolutas, corretas ou erradas, para as políticas de convivência multicultural. As iniciativas de promoção da convivência multicultural atualmente em andamento no Japão, embora sejam irreais e inatingíveis em sua forma, continuam sendo iniciativas de promoção da convivência multicultural. Independentemente da forma, enquanto estivermos apenas no estágio de desejar a promoção, devemos reconhecer que é uma "iniciativa de promoção da convivência multicultural".
A expressão "modelo ideal para a convivência multicultural" ou "convivência multicultural original" aqui utilizada implica um pressuposto voltado para a realização concreta. Ou seja, o plano de realização da sociedade multicultural no Japão que será discutido a seguir não é o único plano possível, mas sim um plano realizável e sustentável.
Agora, para entender o que é a convivência multicultural no Japão, as palavras-chave a serem consideradas são "globalização" e "internacionalização". No entanto, ao discutir o que é a convivência multicultural, devemos considerar essas palavras não com seus significados estabelecidos, mas com uma perspectiva alinhada à convivência multicultural.
Ao pesquisar o que significam globalização e internacionalização na internet, encontramos os seguintes resultados:
Fonte: Wikipédia
Globalização (inglês: globalization, globalisation) é o fenômeno em que relações sociais ou econômicas se expandem para além das fronteiras tradicionais de nações ou regiões, provocando várias mudanças em escala global. Globalização, mundialização ou geoglobalização são outros termos usados para descrever esse fenômeno. A palavra é aplicada a várias atividades sociais, culturais e econômicas. O conceito de "globalização" é mais amplo do que o de "internacionalização", pois envolve uma mudança em escala planetária, sem as limitações das fronteiras nacionais. Se pensarmos nas questões que surgem entre países, estamos lidando com problemas "internacionais", enquanto, se analisarmos questões que afetam o planeta como um todo, estamos lidando com problemas "globais".
Fonte: Wikipédia
Internacionalização (inglês: internationalization) refere-se ao fenômeno em que várias nações fortalecem suas conexões e colaboram mutuamente, gerando influências econômicas e culturais recíprocas. Uma sociedade internacionalizada é uma sociedade onde esse processo está avançando. A principal diferença entre internacionalização e globalização é que a internacionalização se concentra nas relações entre estados-nação, enquanto a globalização considera o mundo como um sistema único, não dependendo necessariamente dos estados soberanos.
No entanto, como discutido anteriormente, ao considerar o que é a convivência multicultural, é necessário olhar para essas palavras sob uma perspectiva nova, compatível com a convivência multicultural.
O Significado da Globalização e Internacionalização na Realização da Coexistência Multicultural
A globalização é um fenômeno que, à medida que a civilização evolui, se torna impossível de ser interrompido. Ela se refere à situação em que pessoas, informações, tecnologias, produtos, culturas, línguas, entre outros, circulam entre os países e as condições estão estabelecidas para que isso aconteça.
A internacionalização é "o resultado gerado pela aceleração da globalização". Esses resultados podem ser divididos em duas categorias: se têm um impacto positivo ou negativo para o país e seu povo. Como a globalização é um fenômeno inevitável, a internacionalização também se torna inevitável, a menos que um país opte por se isolar. No entanto, mesmo que um país se isole, não há garantia de que sua internacionalização será interrompida.
Portanto, a verdadeira coexistência multicultural (coexistência multicultural no Japão) deve ser entendida como: "um plano para manter os benefícios da internacionalização causados pela globalização, transformando os impactos negativos em positivos. Ou seja, trata-se de políticas de coexistência multicultural no Japão, que têm como objetivo os benefícios da população japonesa, que representa cerca de 98% da população total do país."
Além disso, para que a coexistência multicultural seja realizada no Japão, são necessárias políticas de coexistência multicultural que priorizem os japoneses. É também necessário que os japoneses participem ativamente, e para que isso seja possível, os funcionários dos governos locais que trabalham para implementar diversos projetos com o objetivo de promover a coexistência multicultural no Japão devem reconhecer, entender e se comprometer sinceramente com a implementação desses projetos.
Por fim, todos os funcionários dos governos locais envolvidos na realização da coexistência multicultural no Japão podem ser considerados como parte desse esforço, pois não há departamentos ou divisões que não estejam relacionados com a coexistência multicultural.
Além disso, mesmo ao especificar uma área mais restrita, como uma cidade, município ou província, a especificação detalhada, como "província X", "cidade Y" ou "bairro Z", não alterará o significado original da coexistência multicultural. A única diferença será uma pequena alteração no conteúdo dos projetos necessários para sua implementação.
Portanto, os pontos mais importantes para o planejamento da realização da coexistência multicultural no Japão são os seguintes:
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Um sistema de promoção adequado e a distribuição clara de responsabilidades são necessários.
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Garantir especialistas em idiomas deve ser uma prioridade.
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Os projetos de coexistência multicultural devem ser privatizados.
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Os beneficiários desses projetos não são estrangeiros, mas sim japoneses.
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Não devemos esperar pela necessidade criada pela consciência, reconhecimento ou percepção dos japoneses; ao contrário, essa necessidade deve ser criada.
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O Programa JET (ALT, CIR, SEA) não é um projeto com o objetivo de realizar a coexistência multicultural.
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Os projetos de cooperação internacional não têm como objetivo realizar a coexistência multicultural.
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Os projetos de intercâmbio internacional não têm como objetivo realizar a coexistência multicultural.
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O apoio à vida dos estrangeiros não é um projeto com o objetivo de realizar a coexistência multicultural.
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O apoio ao aprendizado da língua japonesa não é um projeto com o objetivo de realizar a coexistência multicultural.
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O apoio a intérpretes médicos e suporte de comunicação não são projetos com o objetivo de realizar a coexistência multicultural.
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O sistema de prevenção de desastres para estrangeiros não é um projeto com o objetivo de realizar a coexistência multicultural.
Estrutura de Promoção Correta e Distribuição de Responsabilidades
Ao considerar a estrutura de promoção e a distribuição de responsabilidades, é essencial compreender que os pontos de vista podem diferir significativamente dependendo da perspectiva adotada. Para avançar nessa análise, é importante identificar claramente os aspectos específicos de cada perspectiva.
A seguir, apresenta-se o conteúdo descrito nas "Diretrizes para a Promoção da Convivência Multicultural na Província de Nagano", formuladas pela província de Nagano como um guia para promover a convivência multicultural na região.
O governo nacional, as prefeituras, os municípios, as associações de intercâmbio internacional, as empresas e as instituições educacionais devem desempenhar seus respectivos papéis e cooperar para promover a convivência multicultural.
(1) Governo Nacional
O governo deve estabelecer diretrizes claras sobre a aceitação de estrangeiros e a convivência com os estrangeiros que já residem na comunidade. Além disso, deve fornecer apoio financeiro necessário aos governos locais que buscam promover a convivência multicultural.
(2) Governo da Província
A província deve divulgar amplamente estas diretrizes dentro de sua jurisdição e promover a implementação das políticas de convivência multicultural. Além disso, deve trabalhar em conjunto com os municípios, ONGs e outras entidades envolvidas na promoção da convivência multicultural para abordar desafios regionais de forma coordenada.
(3) Municípios
Os municípios devem colaborar com ONGs que promovem a convivência multicultural para criar comunidades inclusivas para os residentes estrangeiros. Além disso, devem implementar medidas de apoio à vida cotidiana desses residentes.
(4) ONGs que promovem a convivência multicultural
As ONGs devem colaborar com outras entidades para desenvolver projetos de promoção da convivência multicultural. Além disso, devem trabalhar em conjunto com os governos provinciais e municipais para implementar iniciativas de promoção e atuar como intermediárias entre os residentes estrangeiros, as administrações públicas e as escolas.
(5) Empresas
As empresas devem garantir condições adequadas de emprego para os trabalhadores estrangeiros e oferecer produtos e serviços que levem em consideração suas necessidades. Além disso, devem cooperar com as iniciativas dos governos locais e das ONGs voltadas para a promoção da convivência multicultural, contribuindo para a construção de comunidades inclusivas.
(6) Universidades
As universidades devem contribuir para a construção de comunidades multiculturais por meio da formação de profissionais capacitados para atuar nesse campo, da realização de pesquisas sobre convivência multicultural, do apoio à formulação de políticas públicas e do suporte às atividades comunitárias de estudantes estrangeiros.
(7) Escolas primárias, secundárias e escolas de educação especial
As escolas devem promover uma educação que prepare todos os alunos para viver em uma sociedade multicultural. Além disso, devem colaborar com os governos locais e ONGs para fornecer apoio educacional a alunos estrangeiros que tenham dificuldades com a língua japonesa.
(8) Cidadãos
Os cidadãos devem, independentemente da nacionalidade, se reconhecer como vizinhos e aprofundar sua compreensão sobre diferentes culturas e costumes por meio do diálogo e da interação. Além disso, devem acolher ativamente a diversidade e contribuir coletivamente para a sociedade local.
Gostaria de realizar uma análise dessas estruturas de promoção e distribuição de responsabilidades a partir de outra perspectiva. Caso estejam em conformidade com as Diretrizes para a Promoção da Convivência Multicultural da Província de Nagano, gostaria de expressar da seguinte forma: "Sem objeções, pode-se dizer que está exatamente correto."
(1) Em relação ao governo nacional, pode-se afirmar sem reservas que está absolutamente correto.
(2) Em relação à estrutura de promoção da província, em geral, não há problemas. No entanto, a expressão "em colaboração com os municípios e NPOs que promovem a convivência multicultural" inclui o termo "etc.", mas na prática, as empresas privadas não são suficientemente reconhecidas como parte desse processo. Além disso, ao tentar melhorar essa situação, podem surgir outros problemas significativos. Em particular, a atual dependência da promoção da convivência multicultural das preocupações, discrição e motivação dos responsáveis não pode ser ignorada. Quando nos deparamos com pontos de vista e ideias diferentes, é necessário adotar uma postura de tentar entender, independentemente de aceitar ou não. Por exemplo, no sistema de assistência social, a decisão de concessão ou não do benefício depende do resultado da avaliação. No entanto, se a solicitação não for sequer aceita, o problema existe antes da fase de avaliação. Da mesma forma, mesmo que as partes envolvidas, instituições e governos locais compartilhem o mesmo entendimento, se a compreensão mútua e o compartilhamento de informações não forem realizados adequadamente, a descoberta de novos problemas e a implementação de melhorias necessárias serão obstruídas. Nos municípios, existe uma tendência a fixar certos pontos de vista. Contudo, na província, tal situação não deve ocorrer, pois a província desempenha um papel crucial em divulgar amplamente as diretrizes dentro do território, promover o desenvolvimento das políticas de promoção e colaborar com os municípios e NPOs para lidar com questões de âmbito regional.
(3) Em relação à estrutura de promoção dos municípios, pode-se dizer que há contradições. Assim como a província, os municípios não incluem adequadamente as empresas privadas na promoção da convivência multicultural. Além disso, os municípios desempenham um papel que é diametralmente oposto ao conceito de convivência multicultural no Japão. Para promover a criação de uma comunidade multicultural, a independência dos estrangeiros é essencial. No entanto, dependendo da forma como o apoio à vida é fornecido, pode haver obstáculos para essa independência, e a necessidade ou desejo de ser independente pode ser parcialmente atendido de maneira inadequada. O apoio à vida deve ser buscado pela comunidade local (assim como pelos japoneses), e, quando a barreira linguística for inconveniente para um indivíduo, ele mesmo deve superar isso e assumir a responsabilidade. Não há razão para o Japão ou os japoneses serem responsáveis pela falta de habilidades linguísticas dos estrangeiros. Estrangeiros não vieram ao Japão como escravos, mas sim escolheram vir sabendo das barreiras linguísticas, culturais e institucionais (exceto alguns casos). Isso se deve a uma conveniência pessoal. Há casos em que as pessoas com menos habilidades em japonês ou conhecimento da cultura japonesa são as que mais recebem apoio, enquanto as pessoas com mais habilidades em japonês geralmente não recebem apoio, o que torna claro que o apoio pode ser um obstáculo à independência. Portanto, o papel original dos municípios não é responder ao interesse ou necessidade de cada cidadão em relação à convivência multicultural, mas fazer com que todos compreendam que a necessidade de convivência multicultural existe independentemente das preocupações individuais. Para isso, é necessário que os governos locais que supervisionam os municípios compreendam a essência da convivência multicultural e reconheçam que sua implementação é essencial. Muitos municípios explicam que a razão para a pequena escala de vários projetos de promoção da convivência multicultural é o baixo interesse dos cidadãos e a falta de necessidade. No entanto, isso ocorre porque os municípios não estão cumprindo plenamente seu papel como governos locais. Um dos papéis dos municípios é fazer com que os cidadãos se interessem pela convivência multicultural, e se não cumprirem esse papel, a promoção da convivência multicultural não poderá começar.
(4) O título "NPOs que promovem a convivência multicultural" já gera uma contradição. Isso ocorre porque, no Japão, não existem verdadeiras NPOs que promovem a convivência multicultural. Atualmente, as atividades de intercâmbio internacional, cooperação internacional e apoio são reconhecidas como projetos de promoção da convivência multicultural, mas não existem organizações que realizam efetivamente tais projetos. Além disso, como o objetivo de tais organizações é "promover" o processo de "realização" da convivência multicultural, o objetivo final de sua implementação é incerto, resultando em um ciclo infinito de promoção. Isso faz com que os resultados e conquistas dos projetos não sejam claramente exigidos, e atividades que não contribuem para a realização da convivência multicultural se proliferem. Por exemplo, existem casos em que organizações que realizam consultoria sobre apoio à vida recebem pagamentos por serviços ou subsídios relacionados à promoção da convivência multicultural. No entanto, devido ao quadro de "promoção", se houver um número suficiente de usuários, as condições para que o projeto seja considerado válido não questionam se a convivência multicultural está realmente sendo promovida. Neste aspecto, existe uma diferença clara entre "promoção" e "realização". Além disso, há problemas relacionados à contratação de especialistas multilíngues. Embora as organizações que realizam projetos de apoio precisem garantir profissionais qualificados, a falta de orçamento cria uma situação em que essa garantia é dificultada. Como resultado, os especialistas multilíngues se encontram em uma posição instável e expostos a condições difíceis. Em particular, a maioria dos especialistas multilíngues é contratada como autônomos, e embora sejam pagos, não têm um status de trabalhador e não podem reivindicar os direitos de um trabalhador. Além disso, os pagamentos que recebem não são compatíveis com sua especialização, sendo geralmente equivalentes a salários de meio período ou de trabalho temporário. Por isso, as NPOs e outras organizações que contratam especialistas multilíngues, exceto no caso de japoneses, tornam-se organizações de "trabalho escravo".
(5) Em relação às empresas, não há grandes problemas, mas se fosse para apontar algo, o fato de ser "voluntário" é uma questão importante. Embora os papéis estejam adequadamente descritos, muitas vezes há uma postura de "não se envolver mais" depois disso. Isso é muito lamentável e indica uma falta de visão de longo prazo para a realização da convivência multicultural.
(6) Em relação às universidades, pode-se afirmar sem reservas que estão absolutamente corretas.
(7) Em relação às escolas primárias, secundárias, e escolas de apoio especial, pode-se dizer que há contradições semelhantes à estrutura de promoção dos municípios. Originalmente, a convivência multicultural e o apoio são conceitos opostos, mas políticas que misturam os dois estão sendo promovidas. Além disso, embora não haja registros oficiais, muitas escolas oferecem apoio linguístico e intérpretes para os pais. No entanto, quando vistas do ponto de vista da promoção da convivência multicultural, essas medidas acabam sendo um obstáculo. Ao tratar estrangeiros de forma especial, o apoio se torna inadequado e, em vez de promover a independência, cria uma dependência parcial.
(8) A estrutura de promoção para os cidadãos da província pode ser expressa com a palavra "inaceitável", devido à sua falta de conteúdo. Isso é uma completa negligência, carecendo de especificidade e eficácia. Em termos simples, a postura é de "façam o melhor para estabelecer relações úteis e compreender uns aos outros, sem preocupação com o que é realmente necessário para a sociedade local". Além disso, o uso da expressão "independentemente da nacionalidade" é problemático, pois pode obscurecer o papel crucial dos japoneses na realização da convivência multicultural e justificar o apoio excessivo aos estrangeiros. Na realidade, o papel dos japoneses é o mais importante para alcançar a convivência multicultural no Japão. Como mencionado anteriormente, os estrangeiros vêm ao Japão por motivos pessoais, e, a menos que enfrentem dificuldades, não têm grande interesse pela cultura japonesa. Além disso, a necessidade de melhorar o conhecimento da língua japonesa é difícil de entender para os estrangeiros que não se encontram em dificuldades. Na verdade, os que têm dificuldades com o idioma japonês ou a cultura japonesa não são os estrangeiros, mas os próprios japoneses. Portanto, é importante que os japoneses compreendam como os estrangeiros pensam, aprendam a interagir com eles de maneira apropriada, evitem apoio desnecessário e incentivem a necessidade de independência dos estrangeiros.
A seguir, reconsideraremos a estrutura de promoção e a divisão de papéis, levando em consideração a análise de diferentes perspectivas mencionada acima.
O Governo Nacional, o Estado, os Municípios, as Associações de Intercâmbio Internacional e outras organizações, bem como as empresas privadas e as instituições educacionais que visam a realização da convivência multicultural, deverão atuar em conjunto, levando em consideração suas respectivas funções, para alcançar a realização da convivência multicultural.
(1) Governo Nacional
O Governo Nacional apresentará diretrizes claras sobre a aceitação de estrangeiros e a convivência com estrangeiros que vivem nas comunidades, além de tomar as medidas fiscais necessárias para apoiar os municípios que promovem a convivência multicultural.
(2) Estado
O Estado deverá divulgar amplamente essas diretrizes dentro de sua jurisdição e promover o desenvolvimento de políticas de promoção. Além disso, em questões de grande escala, o Estado cooperará com os municípios e empresas privadas voltadas para a convivência multicultural, a fim de expandir os projetos. O Estado também deverá ouvir diferentes perspectivas e integrar várias visões nas suas atividades, além de seguir as diretrizes.
(3) Municípios
Os municípios deverão desenvolver projetos em larga escala, sem se limitar às fronteiras das administrações locais, visando à segurança de especialistas multilíngues. Além disso, deverão contratar empresas privadas especializadas em convivência multicultural para que os cidadãos municipais possam participar das políticas e medidas de convivência multicultural no Japão.
(4) Empresas Privadas voltadas para a Convivência Multicultural no Japão
As empresas privadas que visam a convivência multicultural deverão cooperar com as iniciativas de promoção realizadas pelos governos locais e trabalhar em conjunto com eles em projetos relacionados às políticas e medidas de convivência multicultural no Japão. Essas empresas atuarão como agentes do desenvolvimento de comunidades multiculturais.
(5) Empregadores
Os empregadores devem se comprometer com a contratação adequada de cidadãos estrangeiros e fornecer produtos e serviços que atendam às necessidades dos cidadãos estrangeiros. Eles devem cooperar com os governos locais e empresas privadas voltadas para a convivência multicultural, contribuindo para o desenvolvimento de comunidades multiculturais.
(6) Universidades
As universidades serão responsáveis pela formação de profissionais voltados para a convivência multicultural, pesquisa, e apoio na formulação de políticas governamentais, além de promover a convivência multicultural por meio de apoio às atividades locais de estudantes internacionais.
(7) Escolas de Ensino Fundamental, Médio e Especializadas
Será promovido o ensino voltado para uma sociedade multicultural para todos os alunos. Além disso, oferecerá suporte no aprendizado de japonês aos alunos estrangeiros e, em parceria com os governos locais e empresas privadas, ajudará na promoção da autonomia dos alunos estrangeiros e seus pais.
(8) Cidadãos Japoneses
Os cidadãos japoneses devem compreender a necessidade de realizar a convivência multicultural e agir para que os estrangeiros se tornem autônomos e reconhecidos como membros da sociedade local. Em caso de dúvidas sobre como agir, deverão utilizar os serviços de aconselhamento sobre convivência multicultural oferecidos pelos municípios, cooperando com as políticas e medidas de convivência multicultural no Japão.
Garantia de Especialistas em Multilinguismo
Antes de considerar a garantia de especialistas em multilinguismo, é necessário primeiro entender a situação atual. Atualmente, a profissão de especialista em multilinguismo tem uma forte percepção de voluntariado, e muitos casos em que não há remuneração adequada são observados. Como resultado, muitos especialistas são forçados a realizar suas atividades sob formas de emprego instáveis, como autônomos ou em cargos de meio período.
Em um ambiente como esse, é difícil garantir especialistas qualificados, e há um aumento no número de casos em que pessoas dispostas a aceitar remuneração baixa devido a circunstâncias, como "ter tempo livre", acabam assumindo a função. Assim, muitos estrangeiros sem habilidades, conhecimentos ou experiência adequados acabam fazendo traduções e interpretações.
Além disso, devido a restrições de horário de trabalho e à condição de autônomos, não é possível garantir a adesão ao seguro social ou direitos trabalhistas básicos, como férias remuneradas ou licença maternidade. Nesse tipo de ambiente de trabalho, estrangeiros altamente qualificados em idiomas e com conhecimento especializado acabam desistindo da profissão de especialista em multilinguismo e mudam para outras áreas.
No entanto, mesmo estrangeiros com habilidades linguísticas elevadas, muitas vezes têm dificuldade em serem contratados como empregados permanentes, já que sua proficiência em japonês é geralmente inferior à de um nativo. Como resultado, acabam sendo forçados a trabalhar como funcionários temporários ou em regime de meio período, e, consequentemente, as organizações sem fins lucrativos (NPOs) e os governos locais acabam, paradoxalmente, perpetuando formas de emprego instáveis.
Para resolver esse problema, é imprescindível garantir uma remuneração adequada para os especialistas em multilinguismo, criar um ambiente de trabalho estável e aumentar o reconhecimento da profissão.
O governo central, os governos estaduais, municipais, as associações de intercâmbio internacional e outras entidades, bem como as empresas e instituições educacionais, reconhecem a importância de garantir especialistas em multilinguismo. A necessidade de "garantir", "desenvolver" e "formar" esses profissionais está claramente expressa nas várias diretrizes e documentos relacionados à convivência multicultural. No entanto, quando se observa a realidade, percebe-se que os cargos de coordenador de convivência multicultural, por exemplo, são principalmente ocupados por japoneses, e os estrangeiros com habilidades linguísticas elevadas e competência em vários idiomas são tratados, na maioria das vezes, como voluntários.
Com essa situação, não é surpreendente que especialistas qualificados em multilinguismo não sejam garantidos e a escassez persista. A profissão de especialista em multilinguismo não está sendo devidamente valorizada, e pode-se dizer que está sendo "desprezada". Para que a verdadeira convivência multicultural seja alcançada no futuro, é imprescindível garantir um tratamento adequado para os especialistas em multilinguismo e estabelecer a profissão de forma sólida.
Em uma visão nacional, existem municípios e ONGs que empregam profissionais com alta capacidade linguística. Acredito que existem duas razões principais para isso:
(1) Estabelecimento de um ambiente de trabalho estável
Embora o volume de trabalho seja grande e a remuneração não seja proporcional à especialização, os profissionais conseguem manter uma renda suficiente para viver, uma vez que podem trabalhar em tempo integral. Além disso, a posição de trabalhador é garantida, e um ambiente que permite o exercício de direitos básicos de trabalhador, como adesão à previdência social e direito a férias remuneradas, está em vigor.
(2) Aceitação por motivos temporários
Em alguns casos, mesmo com condições de emprego desfavoráveis, os profissionais aceitam o trabalho por um curto período devido a questões pessoais. Nesse caso, eles acabam assumindo o papel de especialistas multilíngues, independentemente de sua especialização ou experiência.
No entanto, esse tipo de ambiente de trabalho não está estabelecido em todo o país, e muitos profissionais multilíngues ainda trabalham em condições de emprego instáveis. No futuro, será necessário criar um sistema que garanta que os profissionais multilíngues recebam um tratamento adequado.
A garantia de uma remuneração condizente com a especialização e uma renda suficiente para viver é essencial para a retenção de profissionais multilíngues. Sem uma remuneração adequada, a permanência desses profissionais no cargo será difícil. Atualmente, muitos profissionais multilíngues trabalham em condições instáveis, como autônomos ou empregos de meio período, e é necessário esclarecer os contratos de trabalho e garantir uma posição estável através da adesão à previdência social. Sem a garantia de direitos básicos, como férias remuneradas, licença maternidade e licença paternidade, será difícil construir uma carreira como especialista multilíngue. Sem um ambiente adequado, profissionais qualificados evitarão essa profissão.
Em última análise, garantir profissionais multilíngues é garantir que eles tenham uma profissão onde possam continuar a trabalhar. Se olharmos para as iniciativas passadas e o estado atual das coisas, é claro que isso ainda não foi alcançado. Todos podem entender a necessidade disso se pensarem sobre o assunto a partir da sua própria posição.
No entanto, a necessidade de profissionais multilíngues, os orçamentos disponíveis e outras condições variam de município para município, e devido a isso, o avanço da convivência multicultural no Japão e a implementação de políticas relacionadas dependem de iniciativas privadas.
O obstáculo à contratação de profissionais multilíngues são as condições de emprego, mas o que impede a melhoria dessas condições são as barreiras institucionais. Os municípios têm dificuldades em ultrapassar fronteiras ao implementar políticas com fundos públicos. Embora haja acordos entre municípios para realizar projetos de larga escala, não é algo fácil de se concretizar. Organizações como ONGs também dependem de contratos com municípios específicos, estando sujeitas às mesmas restrições. O governo nacional pode realizar atividades de larga escala, mas seu papel é fornecer diretrizes claras sobre a aceitação de estrangeiros e sua convivência com a população local, além de tomar as medidas financeiras necessárias para apoiar os municípios que buscam promover a convivência multicultural. Em contrapartida, as empresas privadas podem receber solicitações de serviços diretamente de municípios ou ONGs, sem burocracia, e podem receber contratos de diferentes prefeituras ou municípios sem dificuldades. Isso permite a centralização das solicitações de serviços em um único local, tornando possível dividir eficientemente as tarefas e realizar diversas atividades com o mesmo conjunto de profissionais. Como resultado, os municípios que, devido a restrições orçamentárias, não conseguiam implementar políticas de convivência multicultural podem agora responder a essas demandas a um custo reduzido e garantir os recursos necessários. Assim, é possível atender até mesmo a idiomas menos comuns e garantir a contratação de profissionais multilíngues.
Privatização dos Projetos de Convivência Multicultural
Atualmente, os projetos de convivência multicultural em andamento em todo o Japão, na prática, são projetados com o objetivo de promover a convivência multicultural, mas muitos deles são, na realidade, projetos originais de cooperação internacional ou de apoio a estrangeiros. Exemplos disso incluem o programa JET (ALT, CIR, SEA), programas de intercâmbio internacional, apoio à vida de estrangeiros, suporte ao aprendizado de japonês, interpretação médica, apoio à comunicação e treinamentos de prevenção de desastres para estrangeiros. Muitas dessas atividades já existiam antes da conscientização sobre a convivência multicultural. No entanto, esses projetos, em sua essência, não promovem a "convivência multicultural", mas são simplesmente iniciativas de apoio a estrangeiros, com características opostas.
Quando o Japão começou a se conscientizar da "convivência multicultural", esses projetos, por estarem relacionados com estrangeiros e idiomas estrangeiros, foram incluídos nas políticas de convivência multicultural, reunindo diversas iniciativas sob esse rótulo. No entanto, há um problema com o uso do termo "promoção". O termo "promoção" não oferece meios claros de medir o progresso da convivência multicultural, e muitas vezes as iniciativas são consideradas bem-sucedidas enquanto forem utilizadas, independentemente dos resultados reais. Por exemplo, em eventos de intercâmbio internacional, mesmo que os participantes sejam principalmente envolvidos ou conhecidos dos organizadores, o evento pode ser considerado "bem-sucedido", o que é um reflexo da falta de critérios claros. Em teoria, "promoção" deveria significar o avanço das atividades e o aumento do número de participantes, mas o progresso dos projetos de convivência multicultural atualmente é difícil de medir.
Considerando esse contexto, deve-se entender que o programa JET, os projetos de intercâmbio internacional e os projetos de apoio a estrangeiros são iniciativas independentes com o objetivo de "realizar a convivência multicultural". Elas são partes importantes dentro do quadro mais amplo da promoção da convivência multicultural, mas precisam ser vistas como projetos com objetivos próprios.
Além disso, a realização da convivência multicultural no Japão deve ser considerada como uma política para manter os efeitos positivos da internacionalização e transformar seus impactos negativos de forma construtiva. Isso deve ser entendido como uma política de convivência multicultural que visa garantir o benefício de toda a população japonesa, enquanto promove a convivência com estrangeiros. A partir dessa perspectiva, a garantia de especialistas multilíngues é essencial, e o papel desses profissionais é crucial. Embora haja restrições institucionais nas administrações locais e ONGs, o setor privado tem a capacidade de receber com eficiência a delegação de tarefas de diferentes prefeituras e cidades. Isso indica que os projetos de convivência multicultural devem ser privatizados.
Com a privatização, processos burocráticos e limitações podem ser eliminados, permitindo uma expansão eficiente dos projetos de convivência multicultural em todo o país. Isso possibilitaria a contratação de mais especialistas e a adoção de medidas eficazes para a realização da convivência multicultural.